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Homenagens: Quando fazer? Uma reflexão ao eterno prof. Zilmar Ziller Marcos (Condenado; F02)
10/01/2024 - Por andre figueiredo dobashiAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Na manhã do dia 9 de janeiro de 2024, acordamos mais tristes! A notícia que veio da ADEALQ circulou rapidamente pelos grupos de Esalqueanos, pois o nosso querido prof. Zilmar havia descansado, passando a compor e cantar com tantos outros que nos fazem falta mas permanecerão inesquecíveis na memória.
E como não tornar esse homem inesquecível? Certa vez, ao perguntar como deveria ser publicada a Ode e o Hino da ESALQ no convite dos formandos, "Mestre Zilmar" (assim eu gostava de abordá-lo, sempre que passava pelo Ruca´s) respondeu calmamente: - Não coloque a autoria, obras se tornam inesquecíveis quando não se conhece mais o autor, eternizando-a como patrimônio da humanidade... O hino não é meu, é da ESALQ! Mas a Ode, vem sempre antes do hino!
Foi uma das coisas mais incríveis que escutei na vida! E ali nasceu um dos meus ídolos... Nem preciso dizer que depois disso, sempre que tinha oportunidade, ia importunar o mestre com algumas perguntas, só para ouvir alguma boa resposta. Algum tempo depois, em uma das várias perguntas sobre assuntos totalmente fora do contexto da engenharia agronômica, o mestre me interrompeu: - Condenado, você parece gostar de vários assuntos. Eu vou aproveitar isso para te dar um trote. Me ajude a divulgar esse evento que estou organizando. Ele se chama PANGNOSIO!
E eu, bitchon do quarto ano de agronomia, meio sem graça por não entender nada: - O que seria o evento, mestre? Pergunto isso para poder explicar aos convidados. teria algum folder?
Ele sorriu e com muita calma me explicou que se tratava de uma roda de conversa que ele iria promover através da ADEALQ. PAN - de todo; e GNOSIO - de conhecimento. TODO CONHECIMENTO! Seria um debate sobre todos os campos do conhecimento, qualquer tipo de assunto, mas sempre com um fundamento fenomenal: A ciência!
E lá foi o bixo Condenado que imprimiu alguns convites do Pangnosio e saiu pendurando nos diversos departamentos da escola. Anos depois, acredito que eu já era roceiro no MS, fiquei sabendo que o projeto ganhou até um destaque na TV USP, mas não estou certo disso.
O mestre que eternizou o hino da escola e declamava lindamente a Ode a ESALQ, emocionava não só Esalqueanos mas também pais e familiares que assistíam as palavras saindo do fundo do seu coração. Era como voltar à escola cada vez que ele assumia o púlpito e alvissarava o hino da ESALQ, declamando a Ode.
Conseguimos homenagear o mestre em vida, diversas vezes. Foi paraninfo e professor homenageado de diversas turmas. Ainda me lembro de mais uma passagem sua, quando fomos pedir permissão para declamar a ode em nossa colação de grau, pois o Bota e o Meia Cura iam ter um filho se não declamassem juntos! Estávamos sem jeito, pois sempre ele declamava com um aluno e não sabíamos qual seria a sua reação. Mais uma vez, ele surpreendeu: - É claro! Eu não posso fazer isso para sempre. Vocês tratem de ensaiar com a alma!
E essa é a lição que fica: não deixemos para homenagear nossos ídolos, os verdadeiros heróis, depois que eles partem. Façamos isso em vida, enquanto podem ouvir, dar risada e nos fazer chorar, como sempre fez, nosso saudoso mestre!
Vá em paz, professor! Continue olhando pela Escola, con8nue nos enchendo de orgulho e por fim: peça para o mestre maior aí que mande mais alguns Zilmar para cá. Precisamos eternizar novas obras!
Andre Figueiredo Dobashi (Condenado F-2002)