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Em nome da Esalq, o embrião de uma fake news (Big-Ben; F97)

25/10/2018 - Por mauricio palma nogueira
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Ontem à noite, os ex-alunos da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" foram surpreendidos por uma petição registrada no site Avaaz.

 

Depois de algumas repercussões negativas, o título foi alterado para "Comunidade Esalqueana: Carta aberta de Esalqueanos e Esalqueanas para a sociedade brasileira".

 

Originalmente o título dizia "carta aberta DOS Esalqueanos..." e não "DE" Esalqueanos, tal qual o endereço da postagem no site supracitado: ".../Comunidade_Esalqueana_Carta_aberta_dos_Esalqueanos_e_Esalqueanas_para_a_sociedade_brasileira/..."

 

Mesmo com a mudança, a desonestidade ainda persiste, pois induz os leitores a acreditar que se trata de uma posição coletiva dos egressos da instituição.


Depois do título, e apenas na sétima linha da petição, aparece algum esclarecimento sobre a representatividade do conteúdo, com os dizeres "que subscrevem este documento".


Quem organizou a iniciativa sabe que nas redes sociais as conclusões são embasadas no título e na sugestão do conteúdo, e não na interpretação daquilo que realmente está escrito.

 

É assim que nascem as mais poderosas fake news, pois a maioria não lê o conteúdo; consequência da qualidade da educação do país governado desde 2003 pelo grupo que eles apoiam.

 

Também usaram um canal inadequado, cujas assinaturas não se limitarão aos ex-alunos da ESALQ, permitindo adesão daqueles que não possuem relação alguma com a instituição.

Com isso, até os que subscreverem o documento irão compor uma demonstração de representatividade que, na verdade, inexiste. É fake.

 

Nesse formato, além de desonesta, a iniciativa é inescrupulosa, arbitrária e irresponsável. É um engodo que contraria a própria definição de Universidade.

 

Eu convivo ativamente no meio Esalqueano desde 1993, quando ingressei na instituição. Eu nunca vi nenhum diretor, professor ou grupo de ex-alunos, por mais influentes que sejam, se pronunciar em nome de todos os Esalqueanos sobre um tema que não é consenso.

 

E a verdade por trás de todo esse engodo é mais chocante ainda, pois a maioria esmagadora dos ex-alunos, que se pronunciam publicamente, está justamente do outro lado.

No último sábado, dia 13 de outubro, a confraternização da Adealq (Associação dos Ex-Alunos) reuniu cerca de 1.200 ex-alunos em Piracicaba, na comemoração da semana "Luiz de Queiroz".

 

Dentre os que estão se pronunciando nas redes sociais, artigos ou em conversas, a maioria dos que organizaram o evento é anti PT. A maioria dos professores e profissionais de destaque nacional, que estão se manifestando, se posicionam anti PT. A maioria esmagadora dos presentes ao evento estão contra o PT, a favor do Bolsonaro.

 

Não é preciso muito esforço para defender essa afirmação, pois trata-se do público padrão do agronegócio, cujo posicionamento é conhecido.

 

Mesmo assim, em nenhum momento, ninguém se pronunciou em nome dos ex-alunos.

 

E veja que interessante. Se a organização da Semana Luiz de Queiroz tivesse feito um manifesto presencial anti PT e pró Bolsonaro, teria facilmente colhido mais de 1.000 assinaturas presenciais, todas de ex-alunos da ESALQ.

 

O manifesto ainda teria reforço via internet, pelas redes sociais e pelos e-mails que poderiam ser enviados pela base de dados cadastrada na associação. E aí sim, seria possível defender uma posição institucional, validada pela maioria.

 

Essa iniciativa, no entanto, nunca foi cogitada. E nunca seria pela simples razão de que, em nosso ambiente, se respeita o posicionamento da minoria.

 

Não é por falta de representatividade que não se posiciona; mas sim por princípios.

 

Desconheço, entre todos os membros das diversas diretorias da Adealq, incluindo a atual, alguém que seria inescrupuloso ao ponto de generalizar uma opinião institucional em nome dos ex-alunos.

 

Do outro lado, no entanto, mesmo sem representatividade nenhuma, a partir de um engodo, uma minoria quer fazer crer que seu pensamento representa o todo.   Esse é o embrião do pensamento ditatorial que sempre acaba por cercear as liberdades, opiniões e vontades alheias. 

 

O conceito de democracia implícito nessa atitude é bem condizente com o grupo que resolveram continuar apoiando, mesmo depois de tantos anos de fracassos e desmandos.  Valem-se de truques, conclusões confusas, vigarice intelectual e de falsa representatividade para fazer valer suas posições.

 

Esclarecendo para os que são de fora. Essa atitude, definitivamente, não representa o nível de respeito e tolerância que a maioria de nós aprendeu em casa e reforçou durante os anos que ficamos naquela instituição que tanto nos orgulha.

 

E como ex-aluno, sócio honorário e mantenedor da Adealq, quero pedir publicamente que a associação se pronuncie, se for possível. Sinto-me desrespeitado pela falta de escrúpulos de uma minoria despótica que fingiu se pronunciar em nome da maioria.

 

Por fim, não sei dizer se o Bolsonaro será autoritário ou não; se tentará ou não atropelar as instituições, assim como o PT fez. 

 

Mas na dúvida, já que estamos na democracia, posso usar os eleitores como um indicador das intenções do próximo presidente que serão apoiadas, ou não, pela maioria daqueles que o elegeram.

 

Tomando por base os formadores de opinião, de nível universitário, o cenário fica bem claro: os que prezam verdadeiramente a democracia, com atitudes e não apenas com discursos, estão indo de Bolsonaro.

 

E eu vou junto!


 * Maurício Palma Nogueira (Big-Ben, F-97)

engenheiro agrônomo, sócio da Athenagro, coordenador do Rally da Pecuária, ex-morador da República Jacarepaguá



Imagem da petição na manhã do dia 25/10/2018




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