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Ainda sobre agricultura circular (Vavá; F66)

12/03/2021 - Por evaristo marzabal neves
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Em entrevista à Gazeta em 24 de janeiro, a engenheira agrônoma Nancy Thame, nova secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento, ao ser questionada sobre os principais desafios, respondeu: "Há um espaço enorme para crescimento, visto que produzimos pouco dos alimentos que consumismo. É preciso fomento para os pequenos produtores e apoio às organizações como associações e cooperativas. Os desafios organizados pelo Comder (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural), serviram de base para o novo Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável. Entre eles estão, por exemplo, o estimulo e promoção de ações para o fortalecimento da agricultura familiar; programas de aquisição de produtos do próprio município; manutenção e melhoria da infraestrutura rural; o combate ao parcelamento ilegal do solo na zona rural; o fomento à produção de alimentos em toda extensão periurbana, o estímulo ao turismo rural e à agricultura circular, entre outros".

No meu julgamento, parte desses desafios será resolvida pela prática da agricultura circular aplicada à agricultura urbana e periurbana, seguindo princípios da sustentabilidade ambiental. Para tanto, requer o engajamento da população urbana. Como?

Pode parecer uma linguagem muito técnica para o leitor urbano, mas é importante tomar conhecimento e, por consequência, dentro em pouco, se engajar, colaborar e cooperar, pois são inúmeras as vantagens e benefícios socioeconômicos e ambientais advindas da pratica da agricultura circular na agricultura urbana, e por extensão, na periurbana. São lembrados: a) Retirar o pequeno produtor do isolamento social aproximando-o do consumidor urbano (inclusão social), além de gerar empregos na produção de culturas de trabalho intensivo (verduras, legumes, raízes, ervas medicinais, etc.); b) Proximidade com o consumidor final, ocupação de terrenos que estão em desuso e oferecimento e conhecimento acerca da procedência dos alimentos; c) Contato com a natureza, onde é possível observar mudanças, tanto na qualidade do alimento quanto na saúde dos produtores e consumidores; d) Qualidade do alimento e cultivo orgânico onde o consumidor tem acesso a alimentos mais frescos e com bom teor nutritivo; e) criação de espaços verdes nas cidades, com locais e tecnologias que oferecem uma infinidade de formas de produção, desde terraços em grandes centros populacionais (vide terraço verde do Shopping Eldorado em São Paulo) até reaproveitamento de pequenas áreas de terrenos; f) Utilização de resíduos orgânicos e água de chuva. A agricultura urbana e a periurbana podem ser produzidas de forma orgânica, utilizando resíduos naturais gerados em grande escala nos centros urbanos via compostagem de resto de alimentos e de outros resíduos vegetais gerando húmus e biofertilizantes. Um dos objetivos da agricultura circular também é o aproveitamento da água de chuva para a irrigação, armazenada através de cisternas ou outros meios.

Ademais, o que se conhece em grandes centros populacionais é que aproximando os consumidores das fontes de alimentos, a agricultura urbana possibilita redução nos desperdícios causados pelo transporte e armazenamento, e que é possível colher os alimentos praticamente na hora do preparo, evitando transporte em longas distancias e armazenagem e, desta forma, permitir o consumo de um alimento fresco, disponível, mais barato e com zero desperdício, já que até as cascas podem retornar para a horta e serem utilizadas como composto orgânico.

Como é sabido, "uma andorinha só não faz verão" o que sinaliza que esperar que a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, de forma isolada, resolva e solucione os desafios anunciados é perder tempo. Para a solução dos desafios anunciados no Plano Municipal do Desenvolvimento Rural Sustentável, Segurança Alimentar e Nutricional, a Secretaria precisará reunir esforços, engajar, contar com a cooperação e colaboração de diversas forças vivas, públicas e privadas, municipais e estaduais, e do consumidor.

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Obs. Publicado na Gazeta de Piracicaba, Ano XVIII, n. 4471, 04/03/2021, p. 2 (Opinião). Mais uma vez para dar ciência à população urbana da importância da agricultura para nossa sobrevivência terrena, introduzindo conceitos de agricultura circular e os benefícios de sua aplicação e praticidade na agricultura urbana e periurbana, clara evidência da obediência da Lei de Lavoisier: Na natureza  nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

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