Acontece ADEALQ

Um panorama completo da Selic

23/02/2020 - Por
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

4674 views 3 Gostei 0 Não gostei

Vivenciamos um cenário mundial atualmente extremamente conturbado, tensões entre EUA e Irã, Guerra comercial dos norte-americanos com a China, e o novo corona-vírus foram alguns dos assuntos mais discutidos nos últimos dias. Mesmo assim, as notícias do cenário nacional conseguiram se mostrar bastante animadoras. Após a alta das carnes no final do ano passado, a inflação atingiu um de seus menores patamares. Além disso, a taxa Selic )Sistema especial de Liquidação e Custódia) também quebrou recordes ultimamente, atingindo seu menor valor já registrado.



Esses novos recordes alcançados por ambas as taxas estiveram em pauta ultimamente. Mesmo estando na ponta da língua do brasileiro, esse assunto ainda deixa muita gente bastante confusa. Sendo assim, o Adeca Agronegócios decidiu fazer um resumão sobre o assunto, explicando detalhadamente cada nó dessa história que nos trouxe até o presente cenário, ajudando nossos leitores a não perderem essa oportunidade única de ganhar dinheiro que vivenciamos nos dias de hoje.



Primeiramente, para um melhor panorama sobre o assunto, é indispensável a leitura de nosso conteúdo sobre os últimos 10 anos da Selic, postado em junho de 2019.



O QUE É A SELIC?



A taxa Selic é a taxa básica de juros do país. Ela é administrada pelo Banco Central (BC), sendo firmada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), e, segundo o próprio BC (s.d), é a principal taxa da política monetária brasileira, sendo utilizada para controlar a inflação nacional. 



A SELIC DEPOIS DE JUNHO DE 2019



Como já esperado pelo mercado financeiro, menos de um mês após a postagem do conteúdo, a Copom reduziu a taxa de 6,5% a.a. para 6% a.a., a menor taxa já registrada (até então) desde a implantação do regime de metas da inflação, em 1999.



Alguns fatores levaram está queda, que na verdade vinha progredindo desde o impeachment da ex-presidente Dilma, que entregou o governo com a taxa em torno 14,25%. Em meados de 2017 foi estabelecido o teto de gastos do governo assim limitando crescimento das despesas ao ritmo da inflação, fazendo que a necessidade de venda de títulos reduzisse, assim permitindo a taxa de juros baixa.



Reunião pós reunião, o COPOM foi calibrando o patamar da taxa Selic, buscando o cumprimento da meta da inflação. Na última quarta-feira, ocorreu o anúncio de uma nova redução para 2020. O valor foi de 4,5% para 4,25%, sendo essa a nova mínima histórica.



MAS O QUE PERMITIU SALTAR 14% PARA 4,25%?



Diversos fatores influenciaram essa queda. Além do já citado teto de gastos governamentais, tivemos uma redução no ritmo econômico perturbando de forma leve a inflação, a queda no risco-pais, indo de quase 400 pontos para 100 pontos, além da recuperação da credibilidade do Banco central, este sendo visto como autônomo novamente e responsável efetivo no controle da inflação.



Mas mesmo diante de todos esses fatores, o principal a ser mencionado para essa nova queda de 2020, segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), foi a redução dos preços da carne no varejo, em torno de 4,03% em janeiro.  Sem esta queda, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teria sido 50% maior no mês passado, chegando a 0,31%.



O IBGE divulgou no dia 7 deste mês o resultado de janeiro do IPCA, índice oficial de inflação do governo, que teve alta de 0,21%, uma desaceleração em relação a dezembro, quando a inflação oficial foi de 1,15%. Para que o governo abaixe deliberadamente a taxa Selic como ocorreu recentemente é imprescindível que a taxa de inflação do país esteja baixa, como observamos hoje em dia.



AFINAL, QUAL É A RELAÇÃO DA SELIC COM A INFLAÇÃO?



A Selic e a inflação possuem uma forte relação entre si. Basicamente, a taxa básica de juros funciona como um freio para a inflação no país. O crescimento das taxas ocorre de maneira inversa, ou seja, a redução da Selic representa, na teoria, um aumento generalizado dos preços no país (inflação). Contudo, a mera observação dessas duas taxas não nos mostra, de fato, qual a relação entre elas, deixando oculta toda uma história que torna essa conexão possível.



Primeiramente, é importante ressaltar que essa representação é referente a uma teoria econômica, que trata dos fatores de maneira singular, ou seja, mantendo todos os outros fatores que possam influenciar essas taxas constantes (o chamado ceteris paribus). Para explicar a relação entre as taxas serão analisados dois cenários: um onde a taxa de juros sofre um aumento, e um segundo onde essa taxa sofre redução (cenário que vivenciamos hoje em dia).



O CASO DILMA: AUMENTO DA TAXA DE JUROS



Levando em consideração um cenário de alta na taxa Selic, assim como pudemos observar de 2013 até o meio de 2015, espera-se que todas as   outras   taxas   de   juros   existentes   no   mercado   também   sofram   um   aumento, restringindo o crédito às empresas e famílias brasileiras. Essa restrição é observada no momento de se conseguir um financiamento, por exemplo. Nesse cenário, as taxas de juros para financiamentos não estariam atrativas, desencorajando a aquisição de financiamentos.



Além disso, essa alta taxa se tornaria uma forma de incentivo às aplicações de renda fixa, resultado de uma maior atratividade dos rendimentos dessas aplicações. O tesouro direto, por exemplo, se mostraria um investimento bastante rentável neste cenário. A poupança também seria beneficiada com esse aumento, rendendo valores bastante relevantes. Com isso, o governo brasileiro conseguiria captar uma grande quantia de capital.



Sendo assim, teoricamente haveria um desaquecimento do consumo, uma vez que as famílias estariam optando por guardar seu dinheiro (aproveitando as altas rentabilidades da poupança ou de outras rendas fixas, por exemplo), ao invés de gastá-lo no mercado. Esse desaquecimento, por sua vez, traria uma redução na produção das empresas, tomando como base a lei de oferta e demanda do mercado, onde o baixo consumo das famílias faria com que a oferta dessas empresas também diminuísse.



Com o consumo em baixa, como dito antes, a oferta também teria de ser reduzida. Assim, com uma oferta menor de produtos, as empresas teriam de empregar menos funcionários para produzir o necessário para sanar as necessidades do mercado. Portanto, essa baixa de consumo acarretaria uma menor empregabilidade da população. Essa baixa empregabilidade, por sua vez, reduziria ainda mais a renda das famílias, reduzindo novamente o consumo, gerando um efeito bola de neve.



Sendo assim, esse   cenário   resultaria   numa diminuição do Produto Interno Bruto do país. Menor consumo, menor geração de renda, diminuição do PIB. Contudo, essa diminuição do consumo também acarreta um controle da inflação, uma vez que, novamente utilizando da teoria de oferta e demanda no mercado, haveria um excesso de oferta, causando uma redução nos preços para que esses produtos em demasiado sejam comercializados. 



O CENÁRIO ATUAL: BAIXA TAXA DE JUROS



O cenário que vivenciamos hoje representa exatamente o inverso do que vimos entre 2013 e 1015. A redução da taxa Selic representa a redução de todas   as   outras   taxas de juros, resultando em um crédito mais barato e acessível a famílias e empresas. Além disso, investimentos de renda fixa, diferentemente do cenário anterior, se mostram inviáveis. Deixar o dinheiro na poupança, neste caso, seria perder dinheiro, uma vez que seu rendimento não cobre nem mesmo a inflação.



Com isso, as famílias estariam encorajadas a consumir mais, uma vez que guardar o dinheiro não é mais uma opção rentável. Aqui é importante ressaltar que esse consumo pode não representar, de fato, o consumo de bens ou produtos dentro da economia. O ato de você investir seu dinheiro em empresas de capital aberto, ou até buscar abrir seu próprio negócio, representam esse aumento de consumo de que estamos falando. Lembrando que neste cenário a obtenção de crédito está bem facilitada, os juros são baixos, tornando os financiamentos bastante rentáveis. Portanto, a questão de consumo não representa apenas o consumo de fato, mas sim a necessidade que as famílias acabam tendo de se movimentar para compensar as perdas que começaram a ocorrer sobre o dinheiro guardado na poupança ou outros fundos de renda fixa.    



O   aumento   desse consumo, portanto, necessitaria ser acompanhado por um aumento na produção das empresas, já que mais pessoas estariam consumindo (ou investindo dinheiro nessas empresas).  Esse fato geraria um aumento da empregabilidade. Uma maior demanda necessita de maior oferta, tendo essas empresas de produzir mais, necessitando de mais funcionários para isso.



Maior empregabilidade representa um aumento de renda para as famílias, resultando em um novo incentivo ao consumo. Esse ciclo, ao contrário do   cenário anterior, resultaria em crescimento econômico e aumento do PIB. Porém, assim como visto anteriormente, a alta demanda de consumo resultaria também em um aumento da inflação.



Vale ressaltar que, assim como dito anteriormente, essa é uma teoria econômica, e representa como funcionaria o cenário econômico sem levar em conta quaisquer outros fatores influenciadores. Sendo assim, é muito difícil dizer que uma política monetária (aumentar ou diminuir a Selic) é preferível à outra. Mesmo parecendo um cenário muito mais favorável, a diminuição da Selic só é de fato vantajosa em um ambiente onde a inflação está controlada.



Sendo assim, é compreensível a escalada na taxa de juros durante o governo Dilma, uma vez que, na época, o Brasil sofria com uma alta taxa de inflação. Seguindo a mesma linha de raciocínio, faz bastante sentido essa redução na taxa feita pela equipe econômica de Bolsonaro nos dias de hoje. Como ressaltado anteriormente, dentre outros fatores, a baixa taxa inflacionária do Brasil atual foi fundamental para que isso fosse possível.



Além disso, também é importante considerar que o ambiente econômico do país não está inteiramente relacionado ao governo vigente ou à sua política monetária, mas também ao cenário externo e até ao próprio mercado. São inúmeros os fatores que contribuem para um alto ou baixo nível de inflação.



Contudo, é comum que governos com ideologias que tendem ao liberalismo econômico encontrem um cenário menos inóspito para o desenvolvimento desse tipo de política monetária. Isso se dá pela reação do mercado para com o cenário interno.



Governos voltados ao liberalismo econômicos trazem vantagens às grandes empresas, portanto são vistos com bons olhos pelo mercado, resultando em melhores variáveis que influenciam índices como a inflação, por exemplo. Contudo, essa é apenas uma visão simplificada e bastante superficial do assunto, o qual requer uma abordagem muito mais aprofundada, o que não cabe no presente texto.



MAS O QUE EU TENHO A VER COM A SELIC?



É bem simples entender essa relação. Como dito anteriormente, ela é a taxa básica de juros. A taxa SELIC, abreviação de, além de servir de parâmetro para diversas taxas da economia, também tem sua oscilação ligada ao nosso dia-a-dia. Baseando-se em tudo que foi levantado acima sobre a taxa de juros e sua relação com a inflação, podemos observar que a Selic influencia diversos fatores do nosso cotidiano.



Segundo o blog XPI (2020), a poupança, que já não tinha boa rentabilidade antes, agora então está menos rentável ainda. Por render somente 70% da Selic de acordo com as regras atuais, a poupança está rendendo hoje um valor muito próximo a zero. Assim, quem estiver hoje com dinheiro guardado na poupança está praticamente perdendo dinheiro! Para este cenário, a melhor opção é investir. Seja em uma empresa de capital aberto (como ocorre em investimentos na bolsa de valores), ou buscando abrir um negócio próprio, o importante é não deixar que esse dinheiro parado se torne o cano furado de suas finanças.



Esse é o momento ideal para quem busca empreender. Segundo G1 (2020), esse será o último movimento de corte, sendo que em 2021 estão previstos aumentos na Selic. Logo, se o pensamento é tentar crédito, a melhor hora é agora. É nesse momento que se mostra importante, também, o plano de negócios. Investir em uma ideia sem se planejar para isso é extremamente arriscado, neste caso seria até melhor manter o dinheiro parado na poupança, uma vez que assim mesmo perdendo dinheiro, essa perda seria controlada.



Para abrir um novo negócio não basta a boa ideia, mas também é preciso saber como será a execução dessa ideia, ou seja, deve-se planejar antes de tirar a ideia do papel, buscando saber de antemão como será o início desse investimento, qual será o caminho a ser seguido, e onde muito provavelmente esse negócio irá chegar.



É nesse momento que entra o trabalho do Adeca Agronegócios. Nós possuímos todo o Know How para transformar sua boa ideia em um bom negócio, auxiliando o empreendedor com todo o planejamento necessário para tirar a ideia do papel sem que haja o risco da incerteza, já que buscaremos levantar todos os fatores que possam influenciar no negócio.



O Adeca Agronegócios, mais do que nunca, se mostra a sua melhor ferramenta para ganhar dinheiro de maneira segura em um cenário onde não se pode deixar dinheiro parado.



Autores:



Caio Rosateli, Beatriz Sizilio e Vitor Lima.



ADECA Agronegócios.